17 de nov. de 2015

E o pulso ainda pulsa...

Bem, depois de um longo tempo sem aparecer, achei legal fazer um registro de como anda a vida. Resumindo muitíssimo tudo: nem lembro que fiz a bariátrica...

De fato, ao longo do tempo a gente acaba incorporando hábitos diferenciados, aprende a comer para viver e não viver para comer, sabe exatamente o que faz mal e o que faz bem, incorpora a rotina as vitaminas nossas de cada dia e a vida flui como se nunca tivesse passado por uma cirurgia tão complexa. Afinal, acho que este é mesmo o objetivo não é? Ter uma vida normal?

A saúde anda tranquila, no âmbito físico. Como dentro do possível bem, o peso de certa forma está controlado, não engordei mais do que era esperado no pós cirúrgico (lembrando que é esperado que recuperemos até 10% do menor peso atingido, no meu caso, como cheguei a pesar 53,5 kg, poderia chegar até 58,8 kg, como estou com 58 kg, estou dentro do esperado), os índices clínicos estão bons, resolvi o restinho de problemas que ficaram este ano, enfim, tudo sobre controle.

Depois da cirurgia, após estabilizar a perda de peso, tive problemas no trato reprodutivo. Sempre fui uma pessoa que sentir cólicas horrendas durante toda vida e sempre houvi que "haviam mulheres mais fracas a dor mesmo". Bem, após a cirurgia, essa dor se intensificou, comecei a ter sangramentos hemorrágicos e várias infecções. Novamente pensei ser meu corpo somatizando problemas psíquicos. De fato pode até ser que sim, mas após muita peregrinação, descobri uma endometriose das "bravas".

No início deste ano, consegui fazer a cirurgia que acabaria com meu intenso sofrimento de mais de 1 ano. Sim, ao longo de 2013 tive essa doença infernizando minha vida. Houve a retirada dos hormônios, então, ela tomou conta da minha vida, trazendo dores intensas diariamente. Em dias normais, numa escala de 1 a 10, sentia dor 7, em dias de ovulação ou menstruação, a intensidade ia para 10 fácil. Imagina só viver com uma dor dessas durante 1 ano inteiro!!! Foi punk! Mas enfim, este ano passei por uma cirurgia que me livrou desta cruz. Saldo: menos 2 trompas, 1 útero, muito foco de endometriose retirado e muita alegria de não sentir mais dores. Ai que alívio!!!! Sem menstruação, sem dor, vida nova!!!!

Ainda tenho sintomas de TPM, afinal, graças a Deus meus ovários foram preservados, então, a produção hormonal continua a todo vapor. Agora estou buscando meios alternativos de controlar isso, de qualquer forma, isso é totalmente contornável.

Além de ter histórico familiar forte, descobri em minhas pesquisas que a obesidade (SIM, A BENDITA OBESIDADE NOVAMENTE!!!!) é um fator de alta influência nesta doença, por isso disse que ficou esse resquício. Não tenho dúvidas que isso influenciou na evolução da doença, e que, ao perder peso, ela só se mostrou com mais força. Já foi!

Continuo firme e forte no acompanhamento psicológico com minha "anja de guarda". Não entendo, definitivamente como pessoas operadas podem sobreviver bem sem ter uma terapeuta. Apesar de hoje não ter mais motivos para acompanhar do ponto de vista "pós bariátrica", o suporte de um psicologo é algo muito importante para os desafios da vida cotidiana, ainda mais em um cenário como o meu, de profissional que trabalha constantemente sobre pressão, de mãe que pouco tempo tem com seu filho, de esposa que pouco tempo tem com o marido, de ponto de apoio dentro de uma casa espiritualista, enfim, de uma típica paulistana sem tempo pra si e pra nada. Sobrecarga constante, paulistana típica, estresse ao limite do aceitável.

A psicoterapia é uma ferramenta de suporte fundamental para entender nossas fraquezas, os conflitos diários e principalmente, para fornecer uma válvula de escape para a pressão em nossas mentes. De fato, EU, sem minha psicologa me dando apoio, já teria tido um surto!!! rs Brincadeiras a parte, se mais pessoas conseguissem acesso a este profissional, haveria mais harmonia no mundo. Ajudar a arrumar a "casinha" é muito importante, pois dificilmente temos visão das situações mais críticas quando estamos em meio as tempestades. Não que não tenha apoio da família ou outras pessoas, mas o apoio especializado é de fato muito mais assertivo, afinal, uma pessoa não estudaria tanto tempo para dar "palpites", ela te direciona balizada em estudo sérios, em ciência e não em "achismos".

Um bom alicerce familiar também é fundamental. Sempre disse que a bariátrica não veio a mim para "entrar numa calça 38" e sim por uma questão de sobrevivência. Tive problemas em meu casamento, mesmo com todo apoio, pois o processo de emagrecimento pós cirurgia é muito complexo e agressivo. Meu marido realmente é um santo de ter aguentado firme ao meu lado esse tempo. Mas valeu a pena. Ele não queria me ver "gostosa" e sim "viva e saudável". Meu filho cresceu conseguindo brincar com a mãe, que consegue andar, pular, se movimentar. Tudo bem que a mãe é bem menos ativa que deveria, assumo que sou mais adepta ao filme no sofá do que aos esportes, mas, não é por que não aguento né? Pelo menos consegui ensinar para ele hábitos alimentares e de vida mais saudáveis dos que eu fui ensinada, isso já vale a pena.

O ser humano é estruturado numa tríplice: corpo, mente e alma. A alma... ter algo em que acreditar, sua fé estabelecida, para mim, também é algo essencial. Neste período também encontrei (ou reencontrei) meu caminho. Não que não tivesse minha fé muito clara, mas assumi minha missão com mais ardor e entrega. Isso só faz bem, e reforça o equilíbrio da tríplice humana.

Problemas existem, sempre existiram, afinal, não estamos nós num planetinha de expiações? Hoje é uma problema no trabalho, amanhã com o filho, depois com a família, com dinheiro, com amigos, enfim, toda hora aparece uma pedrinha no caminho. O importante é que tenhamos equilíbrio na vida para saber contornar todos eles, seguir colhendo estas pedrinhas e empilhando-as para tornar o caminho por onde passamos mais bonito de se ver quando olharmos para traz.

É isso. Sem mais delongas, não sou um ser diferente por ter feito uma bariátrica. Sou a mesma pessoa, melhorada e melhorando a cada dia, e não por "ser magra", melhorando por que isso faz parte da evolução do ser humano não é? Com manias, com problemas, com alegrias, feliz, abençoada e fortalecida, a cada dia, para continuar minha jornada e atingir meu maior objetivo, viver bem, feliz, com saúde e por muito tempo!!!


Um comentário:

Juliana Pogorzelski Abreu disse...

Olá! Passando pra buscar noticias suas. Não me esquece, viu! ;)
http://ju-abreu-cirurgia-bariatrica.blogspot.com/