3 de nov. de 2011

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...

Quando resolvi ter um blog a idéia era registrar minha experiência com a obesidade e com a gastroplastia. No processo de decisão por este passo tão importante, a descoberta de vários blogs, muito que sigo ainda hoje, foi muito valiosa, aprendi muito, vi muitas experiências, enfim, nada como saber o que é de quem passou por aquilo.
Há quem pense que é exposição demais, meu marido, por exemplo, pensa assim. Não acho. Não acho por que aqui o assunto é focado. Eu decidi não falar de minha família, de meu trabalho, de meus amigos, enfim, o foco é gastroplastia. Lógico que superficialmente o assunto vem a tona, mas nada que seja profundo o suficiente para ser considerado uma exposição.
Um ponto que creio ser importante, muito importante, mas que nunca expus tanto foi minha relação com meu maridão, amor da minha vida.
Quando nos conhecemos eu não estava no meu menor peso (56 kg), pesava 65 kg. Já tinha passado pela primeira crise de depressão (vide http://borboletaeunao.blogspot.com/p/sobre-mim.html) e já havia engordado um bom bocado. Porém, apesar do sobrepeso, usava manequim 38 e tinha o índice de gordura corporal muito baixo, pois malhava 2 a 3 horas de segunda a sábado, tinha o corpo muito legal.
Nosso encontro foi algo repentino, aconteceu muito rapidamente, tudo... vínhamos de relacionamentos frustrados e difíceis, sabíamos exatamente o que queríamos e o que não queríamos. Do primeiro encontro até dividirmos o mesmo teto todos os dias foram menos de 8 meses (antes dividimos parcialmente, ele ainda voltava para casa dos pais 2 ou 3 vezes na semana).


Foi tudo muito forte e mágico, sabíamos que iríamos envelhecer juntos. O processo de engorda começou depois que fomos morar juntos. Parei a academia, coisa que por si só já ferra tudo. Mas não ganhei tanto peso assim. Cheguei a pesar 73 kg mas me casei com 68 kg.
Voltei de lua de mel com 73 kg novamente... rs Troquei de emprego, e aí começou a farra do boi (ou da vaca...). Engordei  e cheguei aos 76 kg, com síndrome metabólica.
Lógico que comecei a ficar perturbada com esse processo de engorda. Tinha crises horríveis quando tentava colocar uma roupa e ficava horrível. Mas meu amado estava sempre ali, me apoiando, me consolando e dizendo o quanto me amava, de qualquer jeito que eu estivesse.
Não conseguia entender como um homem poderia ter tesão em uma mulher gorda... e ele me provava que me desejava mais do que quando nos conhecemos... cabeça de gorda é uma M...A!!!
Começamos tentar engravidar... não preciso dizer que engordei mais né... 79 Kg quando descobri a gravidez... ao longo de todo trajeto de 9 meses, cheguei a 96 kg!!! Tudo bem, inchei pacas, tanto que meu filhote nasceu antes do tempo por conta da pressão arterial muito alta, mas fiquei muito bem resolvida, me achava linda, estava plena, feliz, se fosse rica ficaria grávida todo ano!!! Rs
E meu amado ali, me amando, desejando e apoiando o tempo todo... Filhote nasceu, emagreci bastante na licença, voltei a trabalhar com 82 kg. Aí, novamente engordei... cheguei ao peso do final da gravidez. Outra depressão, e novamente os questionamentos de como um homem poderia sentir tesão pelo boneco da Michelan. Mas ele nunca deixou de me desejar, de me tratar igual quando estava magra e me cuidava, por que sim, durante um longo período pareci um mulambo.
Mas ele estava sempre ali, firme, forte e sofrendo pacas com meu processo de auto destruição. Magoei muito a ele no auge da minha insanidade, não olhava para ele mais, afinal, não olhava nem pra mim. Mas ele esteve sempre ali, firme, presente, mesmo estando tão infeliz quando eu por toda situação, nunca deixou de estar firme e forte do meu lado.
Comecei um processo de melhoria antes da decisão de fazer a cirurgia e percebi o quanto fiz mal a ele, e ao meu pequeno também. Fui egoísta. Sim, fui, mesmo que inconscientemente fui muito egoísta. Queria ficar ali, no fundo do poço engordando e me matando aos pouquinhos e ignorei o quanto importante eram aqueles dois na minha vida e quanto eu era importante a eles.
Melhorei. E a libido? Não existia. Autoestima? Vixe!!!! Passava longe. Como se entregar  plenamente ao amor deste jeito? Tinha vergonha de não ter fôlego nem para amar o homem da minha vida. Tinha vergonha e raiva de não conseguir o satisfazer da maneira que gostaria e de não me satisfazer também. Tinha raiva de não ter coragem de me mostrar plenamente ao meu homem!
Queria ficar bonita para ele, o máximo que conseguia era me sentir “arrumada”. E ele ali, firme e forte, sempre me elogiando, dizendo que era linda, o quanto me amava, e muitas vezes, no auge da minha fúria, eu o maltratei, queria na verdade me jogar de um prédio, por que não conseguia entender como poderia alguém me achar bonita, me amar depois de tanta coisa ruim sendo vivida. Mas meu marido, meu amigo, meu amante, meu amor estava ali, firme e forte. Ele, mais que eu mesmo, apostou e investiu na minha reviravolta.
Ele sempre soube meus gostos. Sempre me presenteou com bijus, roupas, e sempre acertou... mesmo depois que eu me transformei num mamute.
Ele me apoiou e incentivou quando tomei a decisão de fazer a cirurgia. Cuidou de mim, do nosso filho, da nossa casa e quase surtou com o processo. Não era por conta da responsabilidade que estava assumindo não, era com medo de me perder. Assim como eu não me vejo viva sem ele ao meu lado, ele idem. Mesmo assim ele se manteve firme e forte, ultrapassou barreiras e me deu todo apoio necessário.
Na surtada básica pós cirúrgica mais uma vez ele sofreu. Nossa, como maltrato meu marido!!! Rs Não é de propósito, e ele sabe disso, mesmo assim, ele está sempre firme e forte do meu lado.
Ele me viu chorar, sorrir, brigar, esbravejar, xingar, me martirizar, ouviu absurdos de mim,  e se mantém, até hoje, firme e forte do meu lado.
Passamos por muitas dificuldades, minha obesidade foi uma delas. Muitas provações, muitas lutas, mas estamos aí, mais firmes e mais fortes!
Nesse processo de retomada da vida saudável e redescoberta da mulher que eu sou, ele sempre me incentiva. Ama me ver arrumada, maquiada, “cremosa” como ele diz. Me paparica, me carinha, me acalanta. ME AMA!
Não tem tempo ruim. Mesmo estando com quase 100 quilos, ele sempre enxergou a Gisele que eu mesmo não conseguia mais ver, e tenho certeza, que se não fosse por ele, nunca teria conseguido me libertar das correntes da obesidade.
Ainda há um longo caminho a percorrer, ainda vamos travar muitas batalhas, mas tenho certeza de todas as vitórias, pois ao lado de um guerreiro, sempre serei também uma guerreira.
BB, te amo demais e este post é para te provar o quanto é importante na minha vida. Te amo demais, você é a luz que ilumina minha vida, NUNCA, MAS NUNCA SE ESQUEÇA DISSO!

2 comentários:

A Fim de Viver disse...

Gi, estou impressionada o quanto me identifiquei com sue post.
Ha tempos penso em um dia homenagear meu amor de alguma forma. O que ele faz por mim, o quanto ele ama uma pessoa que não tem mais folego para ama-lo. O quanto, no cotidiano, ao contrário do mundo todo, ele sabe como não fazer me sentir um lixo, e sim amada, acarinhada.
Às vezes, no auge da minha fúria e autodestruição fico pensando o que eu fiz ou posso fazer para merecer um homem desses...

Não sei como, mas de alguma forma, nós merecemos!

Um beijo!

Shei_Sleeve disse...

Olá querida!!! que bom que somos amadas pelo que somos não é mesmo? imagine quando tivermos magras? seremos idolatradas...hehehehehe... Linda obrigada pelo apoio lá no meu cantinho viu? Obrigaduuuuu!!!! Bjocas...