1 de set. de 2011

Minha história - Parte 3


Bom, vamos continuar então. Primeira consulta do pré natal, a obstetra me mandou comer um mundo de carne vermelha. Nessa época, era quase naturalista, raramente comia carne vermelha. Sempre tive sérios problemas de digestão, então, evitava a carne sempre.

Comecei a comer muita carne vermelha, e óbvio que em 1 mês eu engordei. Foram 3 quilos. Ao final do primeiro mês de gestação havia engordado e estava com 79 kg. A endócrino quase me matou né...

Procurei uma nutricionista mega máster blaster e fiz acompanhamento com ela. Fui xiita durante a gravidez, afinal, estava gerando uma vida e precisava que ela fosse perfeita e isso dependia quase que exclusivamente de mim. E valeu a pena. Meu menino nasceu lindo e perfeito.

Ao final da gravidez, quando sai de licença (2 semanas antes dele nascer), estava pesando 90,5 quilos. Ou seja, engordei pouco mais de 14 quilos ao longo da gravidez. Nas duas últimas semanas, por ser alto verão, estava muito inchada. No dia do parto estava com exatos 96 quilos, 20 quilos a mais de quando engravidei.

O parto foi cesárea, um pouco antes do tempo, inchei mais ainda. Quando voltei a trabalhar depois de quase 5 meses, já estava com 82 quilos, ou seja, 6 quilos acima do meu peso, já havia emagrecido 14 quilos, sem esforço algum. Não fiz dieta alguma, mantive a comida do jeito que era antes.

Os problemas começaram exatamente quando voltei. Meu filho foi para creche e logo adoeceu. Eu me sentia culpada, era horrível. Sarou. Adoeceu novamente. Era horrível. E eu me culpava muito por ter que deixá-lo para trabalhar, pior, eu não produzia o que gostaria preocupada com o pequeno e me culpava também por não estar sendo uma “ótima profissional”.

Abrindo um parêntese, eu sempre, ou melhor, quase a vida inteira fui muito perfeccionista, inclusive comigo mesmo. Exigente ao extremo, então, essa fase de adaptação foi um saco.

Bem, meu filho tinha 6 meses, exatos 2 meses após eu voltar a trabalhar e tive que parar de amamentá-lo. Tive problemas sérios no estomago (sim, meu estresse refletiu sempre no estômago, o pobre sempre apanhou) e tive que parar de amamentar para cuidar do mesmo.

Esse foi o golpe fatal para mim. Tudo bem que descobri isso muito tempo depois, com terapia, mas foi isso que desencadeou meu ganho de peso. Entrei na segunda crise de depressão, tão avassaladora quanto antes. Advinha o que tive que tomar????? Kkkkkk Prozac!!!!!

No dia que meu filho completou 8 meses ele foi internado com pneumonia. Pronto, fui pra lona. Em pouco tempo após isso cheguei aos 90 quilos novamente e ao longo do último ano (2010) cheguei aos 96 quilos novamente. Peso do final da gravidez, só que desta vez sem neném na barriga, só banha.

Tentamos de tudo. Academia para mulheres, dieta, remédio, nada funcionava, e eu só engordava. A situação clínica só piorava. Fui para terapia no começo de 2010 depois de muito relutar.

A terapia me ajudou muito. Sai da depressão e parei com os medicamentos em meados de junho de 2010, onde descobri que eu engordava igual louca por culpa por ter parado de amamentar... coisa louca né? Mas depois de mexer neste gatilho, o ganho de peso estabilizou.

A situação clínica que não estabilizava. Estava com resistência a insulina, diabetes, pressão alta, esteatose hepática (então em grau II), triglicérides e colesterol totalmente descontrolados. Obesidade grau III, a tal da “mórbida”. E mesmo com vários medicamentos, a situação só piorava.

A endócrino me virou do avesso, não encontrou nada, absolutamente nada. No começo desse ano ela resolveu investigar as glândulas supra renais, pediu uma ressonância. E aí a coisa começou a mudar de figura.

Peguei o resultado da ressonância. Supra renais ok. Quem estava muito mal era meu fígado. Esteatose hepática severa!!! Pirei né. Gente, fígado é um caso sério, ele só dói quando não tem mais salvação.

Mandei o resultado para endócrino que me acompanhava, pronto, ela surtou. Me mandou um email que me assustou muito. Minha sorte foi que naquele dia eu tinha terapia (terapia é tudo na vida gente!!!!). Cheguei lá desolada... aí já soltei né: “Daqui a pouco vou ter que me mutilar e fazer a cirurgia bariátrica”. Ela olhou séria para mim e disse: “Por que não? Vai esperar ter uma doença hepática grave?”.

Bem, eu sempre fui contra a cirurgia pois sempre achei coisa de preguiçoso e no auge da minha depressão e piração, cheguei a comentar com a terapeuta o que ela achava e ela me deu um não taxativo e com letras de neon garrafais.

Fiquei meio sem saber o que pensar. Ela explicou que era uma ferramenta que a medicina disponibilizava que sim, poderia ser avaliada junto aos médicos, afinal, já haviam existido várias tentativas sem sucesso do emagrecimento e agora minha saúde pedia urgência.

Fui para o trabalho pensando naquilo e comecei a pesquisar sobre a cirurgia. Blogs, páginas, enfim, cacei muita coisa. Isso tudo ocorreu em maio de 2011.

Para completar, naquele mesmo dia, que foi muito difícil para mim, afinal, diagnóstico de doença hepática grave com terror da endócrino, terapeuta citando a bariátrica, que para mim era um atestado de incompetência e uma mutilação, aí ainda vem meu filhotinho completar.

Nas escadas para nossa casa, sempre subia um lance e parava, ofegante, para descansar. Meu filhote acompanhava sem prestar atenção naquilo. Até que, naquele dia, naquele derradeiro dia ele subiu dois degraus, parou e me imitou ofegante dizendo “Para mamãe, cansei”. E foi assim, de dois em dois degraus ele parando e me imitando.

Não fiquei triste, deprimida nem nada, mas aquilo foi um soco na minha cara. Soco para tomar vergonha e uma atitude sabe. Poxa, meu filho tão novinho, crescendo lindo, esperto inteligente, meu marido lindo, amado, amante, cheio de vida, minha carreira ótima, promissora, minha idade, bem, já passei dos 30, mas considerando que quero conhecer meus netos, to nova pacas ainda... como diz o Fê do blog http://fizcirurgiabariatrica.com.br/ , alguém já viu um velhinho obeso????

Pois é. Dormi e acordei decidida a saber mais sobre a cirurgia. Saber não. Estava disposta a fazer, afinal, o que era pior? Me mutilar ou morrer nova deixando marido, filho e uma vida prospera pela frente????

Um comentário:

Fa disse...

Oi Gi! que estranho vc não conseguir comentar com o perfil do google...mas enfim deu certo, né?
Li sua história inteirinha, me identifiquei muito com vc...claro que com algumas diferenças...
No dia que decidi fazer a cirurgia, bati o martelo e pensei "essa é a hora"!
Não me arrependo de nada, pelo contrário estou muito feliz com minha decisão. Tem dias que me sinto mal por saber que não consigo comer algumas coisas, mas depois paro e penso o qto a cirurgia tem me beneficiado. VALE MUITO!!!! Bjs